teria me jogado aos céus.
Por sorte houve um dia em que o sol se fez duro,
riscando o chão de sombras retas.
Olhei com susto minha imagem escura,
contorno e ausência ao chão.
Em sombra só há limite,
sussurro de corpo.
Sombra não bebe água
nem sustenta olhar.
Me fiz tragar ao solo.
(Sob a terra os sonhos são longos;
caminho demorado em raiz
para que se voe em caule,
romper a terra.)
Hoje acordei primavera.
Olho minhas sombras, definições.
Vem dessa separação ocular,
eu aqui o vulto lá,
minha certeza de ser corpo a pisar o chão.
Stella Ramos