quinta-feira, junho 08, 2006


Naquele ano, Cécil,
teria me jogado aos céus.

Por sorte houve um dia em que o sol se fez duro,
riscando o chão de sombras retas.
Olhei com susto minha imagem escura,
contorno e ausência ao chão.
Em sombra só há limite,
sussurro de corpo.

Sombra não bebe água
nem sustenta olhar.
Me fiz tragar ao solo.
(Sob a terra os sonhos são longos;
caminho demorado em raiz
para que se voe em caule,
romper a terra.)

Hoje acordei primavera.
Olho minhas sombras, definições.
Vem dessa separação ocular,
eu aqui o vulto lá,
minha certeza de ser corpo a pisar o chão.


Stella Ramos

FANTASIA


Aos seus olhos
ela desfilava sozinha, porta bandeira,
na tarde da Rua São Bento.


Stella Ramos

NÉVOA BRANCA

O caminho da serra esconde árvores que respiram.
Num suspiro, desprendem-se para o alto,
suavemente
folhas desfeitas em névoa branca.
Dançam em rima fluida,
volteando seus corpos etéreos,
voláteis,
floresta em espelho no ar.


Stella Ramos

EMBATE

Ali, à frente,
a montanha, o tempo
e eu.


Stella Ramos

Sou corpo.
O mundo é tátil
caminho ocular
em vislumbre errático.

O mundo é tátil.
Ouço imagens em sussuro cálido.
Sou corpo

errático.
Silêncio em amplidão,
Caminho estático.
Tátil.

Há o mundo.
E eu.


Stella Ramos

sábado, junho 11, 2005


Semente

Há livros que não terminam.
Finda a última página
é caso de divorciar-se.
É preciso o lento peso das pestanas
dos silêncios
para que os olhos se acostumem à nova claridade,
à distância dos contrastes,
dos espelhos.
Preto no branco.


Stella Ramos

Bola de Gude
olhos em Ferreira Gullar

Tarde da noite
cruzei a estante
mapeada,
estanque,
madeira enraizada no chão.
Olhos fechados, agucei ouvir:
Ferreira num sussurro
sua pestana pesada.
Reencontrei Relâmpagos.
Risco de luz na madrugada.

Stella Ramos

Shazam

Um relâmpago fundo:
Percebi que sou feita aos ventos
e preciso de gente que me enraíze

Stella Ramos

terça-feira, março 15, 2005


Despedida

No vácuo daquela noite quente
já perdida em memória
acompanhei Cécil pensando ir embora.

Ele me olhou fundo,
sensação rara em seus olhos.
Ali ficou imóvel, quieto de ensurdecer,
suas raízes no mundo.

Gritou força no olhar.
Queria sua figura em carimbo,
botar marca em minha retina,
ponto e vírgula na alma
risco feito em meus sonhos.
Queria se fixar.

Despedida.
Tirou do bolso uma das mãos,
em faca alisou meu rosto
meu decote, meu medo em medida.
Suspiro e se foi,
andou seu passo triste de ir embora.
Esperava barreira, ímã em volta,
meu grito em laço de boi.

Não gritei
nem corri seu nome na noite.
Tomei caminho da roça,
passos firmes de perda incerta,
com um giro me virei em corte.

De volta à floresta, guardei Cécil numa caixa.
Mudei seu nome, de seus olhos fiz brincos,
com sua voz história de fada.
Para o futuro talvez o visse semente,
quiçá borboleta dourada.


Stella Ramos

domingo, janeiro 16, 2005


Ciliar

era natural que ela piscasse em outro tempo
pois sua retina se marcava à goiva.
assim se abriam seus caminhos de água
riscando a sal a face quente.
O tempo lhe abrira leito de rio,
sinuoso contorno da boca,
vereda crescente no riso fácil.

Pestanas em pausa
maresia.
O tempo do olhar se indicava
lentamente
pelo desenho ciliar em borboleta
apontando, alto
o oblíquo caminho do vôo.


Stella Ramos

Sentinela
(a Carlos Eduardo)

É preciso que se olhe em teu olhos.

De teus braços se sabe de longe,
de seu vôo em liberdade, de teus
passos incertos como dança.

À distância teu olhar se cria em flechas,
em espaço seguro do alcance do salto.
De perto as sobrancelhas se fecham em portas
unidas como janelas imantadas. Sentinelas.

Raro vislumbre de trégua:
desenho teus cílios em festa
quando a mira, presa ao chão,
escapa, distraída, à testa.

Especialmente aí,
na fresta que se abre em sorriso contido,
de onde se espia um caminho à sombra,
é preciso olhar em teus olhos:
Para que teu gesto se desenhe, circular
por dentro de tua mão.


Stella Ramos

quinta-feira, julho 22, 2004


Os poemas abaixo foram distribuídos na intervenção urbana do dia 29/06/2004, ligada ao Forum Cultural Mundial, no metrô em São Paulo e nas ruas próximas à estação da Luz:




É só o outro que canto
E canto o que não existe.
De fora, nada é certo:
Sol, manhãs
A primeira chuva morna
Estalos de dedos, insuspeitos girassóis.
Parcos reflexos de vultos distorcidos.

A única certeza: minha voz.

Stella Ramos

É de pés, não de pedras
O caminho que leva à torre.
Perto do céu, o peso aquieta
a montanha é feita apenas da luz de outono.
No alto da torre, o corpo cabe em dois olhos:
Suporte cálido, o braço que sustenta, sereno
O sonho do vôo.

Stella Ramos

Memória

Escolhi para hoje o tempo de teu riso solto,
Quase herege, sigiloso.
Com ele me alimentei de flores e bênçãos,
Atrás de cinco luas singrei a rua
Prateada e branca, sacerdotisa.

No retorno temporão do sol teu sapato já não servia.
Escolhi então teu tempo de nuvens,
Certo como faca.

Voltei à casa despida do fino linho,
Estrelas me enfeitando os olhos
Pés nus e mãos vazias.
Nas palmas abertas teu riso longe
Falso, fraco, exangüe:
Findo o tempo da feitiçaria.

Stella Ramos

Finda a rua
Cresce do sol a sombra púrpura:
Tua voz feita em miragem.
(não sei ao certo se você existe).
Basta a tua sombra, teu canto solar
Para que um vale se abra
À frente dos meus olhos em brasa.

Stella Ramos

Pouco há de mim nos altos ideiais
quase nada no diploma de doutor.
Do enorme gramado em muros
Pouco se vê do que sou
Senão em alguma sombra pálida,
no cão ao sol. Pimentas
pitangas e canela
hortelã rasteiro, sobrancelhas apenas.
Vivo somente na terra úmida
Meus olhos fechados,
O toque frio da pedra, infinita.

Saltar em azuis para o
abismo, às vezes para Chagall.
Em teu suspiro morno, cambaleio de pernas,
Em cada lágrima fotográfica.

Stella Ramos

Dançar é como um canto
que risca em gestos delicados
doces vozes no ar.
Como o corpo que cria, suspenso
o indefinível desenho do tempo.

Stella Ramos

Pique-Bandeira

Me distraio no horizonte súbito,
Vale aberto, rio de carros sob o viaduto.
Árvores à margem da estação Sumaré,
Falsos vagalumes incensados pelo vento.

Sol: desenho em nuvens aos meus olhos fechados.
Como o rio, as nuvens também são água,
Abertas em caminho cristalino,
Soltas no céu
Como em meus olhos capturados.

Stella Ramos

A janela do meu bairro
Se abre num céu limpo,
De azul afetivo.
Mesmo quando as estrelas
Alheias
Cobrem-se, desencantadas, com véus
Seu nome ecoa em brilho
Cordeorítmico, pulsante enlace:
- Pompéia -
e as casinhas obedecem, em silêncio
ao seu sono de interior.


Stella Ramos

Quando se olha do alto
todo o mais é menos.

Stella Ramos





Sempre fiz cara feia
a poemas de Coca-Cola.
A poesia, afinal,
Não foi feita pra ser universal?
Hoje bebo Coca-Cola em letras
uma, duas, três vezes até o final.
Datada sou eu, meu corpo que finda.
Na estranha metáfora o espelho contrário:
sem a alma líquida que a preenche
a lata, corpo da tal Coca-Cola
plena em seu alumínio reluzente
durará por eternidades.

Stella Ramos

Quando ouço Maria Bethânia
é como se uma lâmina
muito afiada
me cortasse rente a pele
e tirasse minha casca
e soprasse meus caminhos de água
movesse os rios que
correm dentro de mim.
Quando ela diz de amor
essa água em mim
verte, cascata,
como quando leio um guardanapo
velho, amassado,
que guarda do tempo a declaração mais bonita, bêbada
que um dia alguém que me lê escreveu.
Quando essa mulher não entende
e faz cara de "que importa?"
não importa, não importa
o que vale nessa vida, nêgo,
é o que toca.

Lemuel Cintra

hermético
sintético
poético?
econômico
supérfluo
onírico
monótono
lacônico
hipérbato
estou
assim

Lemuel Cintra

ardil

se corre, atrasa
adiantando, assusta
vontade voa
ou voa longe
demais
me diga se longe não parece sempre demais?
(…)
e se quer perto e já
felicidade urgente
fundo da rede, sombra
mundo lá fora
frio agora
calor aqui dentro
quem faz as regras do tempo?

Selvagem é bom de vez em quando, como lagosta flambada.
Mas meu feijão com arroz é amorzinho, não tem jeito.

Lemuel Cintra

Faça o que cabe a você.
Faça o que não cabe em você!
Faça que não acabe em você!

Ins. Pirado








Tiros no escuro e pássaros nas mãos.

Chico Rivers


Sozinho,
Não sinto o vento
Mudar de direção.
Preciso do fósforo aceso,
Da chama que em minha mão seguro
(chama que protejo).
Como (delicada)
Vejo tremer,
Balançar, antes de queimar
A escuridão.

Chico Rivers

sábado, fevereiro 28, 2004



Amor Bastante


quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

Paulo Leminsky

domingo, fevereiro 15, 2004


O RIO

Ser como o rio que deflui
silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
como o rio as nuvens são água,
refleti-las também sem mágoa,
nas profundidades tranqüilas.

Manuel Bandeira



ROYAL FLUSH

Reverências à Dama de Copas,
que ousa andar de coração à mostra,
leva flores nas mãos em vez de espadas
em vez de paus e pedras enfeitadas
que ostenta rubra uma paixão exposta.
Transita arfante pelos naipes
à procura de seu rei vermelo;
ao encontrá-lo, se queda de joelhos
férvida, túrgida, convulsa,
invade o castelo, toma a pilastra,
pinta os quatro ases de amarelo.
Rainha absoluta, expulsa da canastra.

Flora Figueiredo.


REGULAMENTO

Eu não juro nada
por coisa alguma,
pois que todo caminho é incerteza.
A ordem se desarruma,
a hitória se desajeita,
o arranjo troca de lado e vira a mesa.
Tampouco prometo.
Nesse jogo de regras e tratos,
rolam os dados,
mudam os fatos,
num ciclone célere, inclemente.
Só o que posso é me entregar completamente
a toda causa que me dedicar,
a cada tempo que eu puder viver,
a cada amor que me fizer amar.

Flora Figueiredo.


LITOGRAVURA

Mão de estátua
Templo. Coluna. Arco do triunfo.
Mil duzentos e cinqüenta.
Qualquer pedra na Europa
é supeita de ser
mais do que aparenta.

Felizes as pedras da minha terra
que nunca foram senão pedras.
Pedras, a lua esfria
e o sol esquenta.

Paulo Leminsky



PARADA CARDÍACA

Essa minha secura
essa flata de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminsky

quinta-feira, setembro 25, 2003


Eis outra vantagem
da falta da roupa de poeta.
As rimas, versos, quadrinhas
- traquinagem, besteira, brincadeira pura:
constelação de letrinhas.

quarta-feira, setembro 10, 2003


Meu rosto em teu olho,
duplo vítreo.
Duas vezes eu.

(Para Lemuel)

segunda-feira, setembro 08, 2003


As Vozes Eternas

(1899)
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;
Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,
Que você tem chamado por eles nos pássaros,
no vento sobre as colinas,
Em balançantes gallhos nas árvores,
nas marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.

W. B. Yeats

segunda-feira, agosto 25, 2003


Pontaria

Poesia, a arte.
Poema, a parte.

Quero muito, bem vês!
tudo, talvez.
- a treva em cada queda interminável,
a luz em trêmulo jogo a cada ascensão.

Existem tantos que não qeurem nada
e por meio de fáceis julgamentos
são feitos príncipes...

Mas tu te alegras é com cada rosto
que serve e que tem sede;
tu te alegras com quem de ti carece
como de um utensílio.

Não está frio ainda, e não é tarde
para em teu vir-a-ser mergulhar fundo
onde em calma se deixa revelar a vida.

Rainer Maria Rilke

A poesia

E essa foi a idade... chegou a poesia
a buscar-me. Não sei, não sei donde
saiu, de iverno ou rio.
Não sei como nem quando.
Não, não eram vozes, não eram
palavras, nem silêncios.
Mas desde uma rua me chamava
desde os ramos da noite,
de repente entre os outros,
entre fogos violentos
ou tegressando só,
ali estava sem rosto
e me tocava.
(...)

E eu, mínimo ser
ébrio do grande vazio
constelado
a semelhança, a imagem
do mistério
me senti a parte pura
do abismo
rodei com as estrelas,
meu coração se desatou no vento.

Pablo Neruda.

Saudosa Amnésia

Memória é coisa recente.
Até ontem quem lembrava?
A coisa veio antes,
ou, antes, foi a palavra?
Ao perder a lembrança,
grande coisa não se perde.
Nuvens, são sempre brancas.
O mar? Continua verde.

Paulo Leminsky

Parada Cardíaca

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito
sentir é muito lento.

Paulo Leminsky

O atraso pontual

Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?

Paulo Leminsky

Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.

Paulo Leminsky

Tarde de vento.
Até as árvores
querem vir para dentro.

Paulo Leminsky

Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno?
Ignoramos a unidade. Não somos lúcidos como aves
migradoras. Precipitados ou vagarosos
nos impomos repentinamente aos ventos
e tornamos a cair num lago indiferente.
Conhecemos igualmente o florescer e o murchar.
No entanto, em alguma parte, vagueiam leões ainda,
alheios ao desamparo enquanto vivem em seu esplendor

Rainer Maria Rilke.

sexta-feira, agosto 22, 2003



IF...

E até hoje não me esqueci
Do anjo da anunciação no quadro de Boticelli:
como pode alguém
apresentar-se ao mesmo tempo tão humilde
e cheio de tamanha dignidade?
Oh! Tão soberanamente inclinado...
Se pudéssemos ser como ele!
Os anjos dão tudo de si
sem jamais se despirem de nada.

Mario Quintana


A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
Saudável, libre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.
(...)
A terra é o quanto basta:
eu não quero as constelações mais perto
nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
onde se acham, sei que são suficientes
para os que estão em relação a elas.

Walt Whitman


(...)
E que minha alma neste instante abrace
a vocês todos e nos sintamos
afeiçoados sem nos termos visto
um ao outro jamais, e talvez nunca
nos voltemos a ver- tudo o que há nisso
é igualmente maravilhoso.

E que eu consiga pensar semelhantes pensamentos
é também maravilhoso,
e que eu consiga transmiti-los a vocês
e vocês pensarem neles e os acharem verdadeiros,
isso também é maravilhoso.

Trecho de Walt Whitman


Ora, quem acha um milagre alguma coisa demis?
Por mim, nada sei que não sejam milagres:
(...)ou a maravilha de um por de sol
ou o estranho controno delicado e leve
da lua nova na primavera
essas e outras coisas, uma e todas
- para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distintas
em seu próprio lugar.

Trecho de Walt Whitman


Não é de Deus que falo quando te vejo um irmão. O que me aproxima de você é a capacidade do sonho, borboletas únicas e de cores intransferíveis.
Fraternidade no fragmento.

Sempre a indesencorajada alma do Homem
resoluta indo à luta.
(Os contingentes falharam?
Pois mandaremos novos contingentes
e outros mais novos.)
Sempre o cerrado mistério
de todas as idades deste mundo
antigas ou recentes,
sempre os ávidos olhos, hurras, palmas
de boas vidas, o ruidoso aplauso;
sempre a insatisfeita,
ansiosa e por fim não convencida,
lutando hoje como sempre,
batalhando como sempre.

Walt Whitman

Qualquer idéia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro de ti se achava inteiramente nua...

Mario Quintana

Não creio que setenta anos sejam
O tempo de um homem ou uma mulher,
Nem sejam setenta milhões de anos
o tempo de um homem ou uma mulher,
nem que se possa conter-se em anos
a existência da minha ou de qualquer pessoa.

Walt Whitman

(...)
E eu canto
Porque é esse o destino
Da minha garganta
E canto

Porque criança aprendi
Nas feiras: ave e mulher
cantam melhor na cegueira.

Hilda Hilst

Da Igualdade - como se me incomodasse
dar a outros as mesmas oportunidades
e direitos que tenho,
como se para os meus próprios direitos
não fosse indispensável
que outros também os tivessem iguais.

Walt Whitman

quinta-feira, julho 31, 2003


Aurora

Brilho e jasmin
em águas recem divisadas.
Mulher de magnólias,
força em pequenas e delicadas mãos.

Vestido de brancos ventos
prata linho e seda
em fios que descem pelos cabelos de noite.
Flores e bençãos nas palmas abertas.
Aurora em plena época de plantio.

.passo 2:
Fazer dos pequenos cacos de vidro no chão de hoje estrelinhas sopradas com a mão.