domingo, janeiro 16, 2005


Sentinela
(a Carlos Eduardo)

É preciso que se olhe em teu olhos.

De teus braços se sabe de longe,
de seu vôo em liberdade, de teus
passos incertos como dança.

À distância teu olhar se cria em flechas,
em espaço seguro do alcance do salto.
De perto as sobrancelhas se fecham em portas
unidas como janelas imantadas. Sentinelas.

Raro vislumbre de trégua:
desenho teus cílios em festa
quando a mira, presa ao chão,
escapa, distraída, à testa.

Especialmente aí,
na fresta que se abre em sorriso contido,
de onde se espia um caminho à sombra,
é preciso olhar em teus olhos:
Para que teu gesto se desenhe, circular
por dentro de tua mão.


Stella Ramos